"Ô Sidorova, eu sou teu fã..." - RUSSO, Renato
Há pessoas que descobriram que existia Olimpíadas de Inverno só após uma ideia ousada da Record em transmitir com exclusividade para a TV aberta as competições de Vancouver, no Canadá, em 2010. Não se sinta ofendido, leitor, eu também me incluo nessa citação. A ideia da emissora foi, aproveitando que na época era carnaval, suas principais concorrentes mostravam folia. E tanto os profissionais de TV como os telespectadores sabem, ninguém quer ver uma multidão pulando e curtindo a zuera se ela não estiver também na zuera.
Por isso, o canal dos bispos aproveitou para dar ampla cobertura nas competições. A cerimônia de abertura, em pela sexta-feira de carnaval, lhe garantiu a liderança de audiência, enquanto a Globo mostrava as mulatas requebrando o popozão. Apesar dos índices posteriores não se repetirem para as competições, o fato de ver um evento "engavetada" por anos pelas antigas detentoras dos direitos, trouxe um novo interesse ao público brasileiro. Ver patinação no gelo (as mulheres amam), luge, bobsled, curling, biatlho, entre outros, foi algo animador e diferente para a televisão.
Tão diferente que, depois disso, Globo e Bandeirantes viram que não poderiam mais ignorar as Olimpíadas de Inverno.
Então, 2014 é a vez de Sochi, na Rússia, receber o evento. Mas hoje não é só a Record que transmite, mas também a Bandeirantes - e a Globo apresenta boletins em seus informativos. Só que percebi que a novidade acabou. Será que que o telespectador, ao passar do novo, se acostumou? Já virou "rotina" ver na TV?
Poderia destacar duas coisas:
1º - divulgação
Todo evento precisa de ser divulgado. Se não divulga ou faz isso porcamente, é pedir pra ninguém ir/ver/consumir. Como uma crise financeira atingiu a Record, detentora oficial dos direitos (apesar da igreja pagar tudo), a emissora sequer fez uma campanha decente - até compreensível, já que eles não iriam mesmo transmitir a maior parte das competições. Nem o portal R7 criou uma seção especial para Sochi'2014.
Mas a Bandeirantes perdeu mesmo (ou não quis) a oportunidade de fazer o nome com evento dos outros. É a TV aberta com mais tempo de transmissão das competições. E mesmo assim também não se empenhou em convocar o público para acompanhar os desportos. Somente os mais ligados sabem o que se passa.
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2º - cultura brasileira
Infelizmente o brasileiro comum tem um defeito: ele só se interessa por futebol. Tanto que os maiores esforços das mídias é para cobertura do ludopédio. De quando em vez aparece um "esporte moda", como hoje vemos isto acontecer com o MMA, mas de resto, só se tem olhos para uma coisa só. O desrespeito com os aficionados de outras modalidades não tem fim. Qual foi a última vez que você viu um jogo de basquete na TV aberta? Porquê as finais dos campeonatos de vôlei são jogados para sábados de manhã?
Também temos que falar da resistência de muitos. Ver uma competição do gelo, do frio, em pleno verão? Tirando no inverno no Sul, quando uma frente MEGA fria faz cair flocos de neve uns 5 minutos, o máximo parecido que vemos de 'neve' é dentro do congelador da nossa geladeira. Isto não faz parte da nossa cultura. Nem tradição olímpica podemos fixar tão cedo, já que pra isso os nossos atletas terão que treinar longe daqui.
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ps: Xingar o brasileiro também é covardia. Da mesma forma que falei de divulgação, colocar outros esportes em evidência podem também romper com o monopólio do futebol. Um caso emblemático que posso citar é o trabalho feito na Argentina com o hóquei feminino sobre grama. A televisão pública de lá "vestiu a camisa" da modalidade, tanto que o país ganhou o mundial da categoria (e a torcida aumentou):
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E agora vamos ver como será na próxima, em Pyeongchang (valeu Wikipédia!), na Coreia do Sul, lá em 2018. Será que a febre volta? Ou será que cairá no esquecimento das TVs?
